Rafael Nadal se prepara para encerrar sua icônica carreira no tênis ao final da Copa Davis, representando a Espanha em Málaga, em novembro. O anúncio foi feito pelo próprio atleta nesta quinta-feira (10), por meio de um emocionante vídeo publicado em suas redes sociais.
A decisão de Nadal, de 38 anos, marca o fim de uma era no esporte espanhol, apenas dois dias após a aposentadoria do astro do futebol Andrés Iniesta. Ambos foram ícones indiscutíveis do esporte mundial nas últimas duas décadas. Com um currículo que inclui 22 títulos de Grand Slam — sendo 14 deles no Roland Garros, um recorde histórico —, além de 92 troféus da ATP, cinco títulos da Copa Davis e duas medalhas de ouro olímpicas (simples em 2008 e duplas em 2016), Nadal consolidou uma das carreiras mais vitoriosas da história do tênis e do esporte global.
Nadal, que encerrará sua trajetória na fase final da Copa Davis, conhecida como 'Final 8', entre 19 e 24 de novembro, expressou sua empolgação com a despedida: "Estou muito entusiasmado, pois meu último torneio será a final da Copa Davis, representando meu país.
"Tudo na vida tem um começo e um fim e acho que é o momento certo para encerrar uma carreira longa e muito mais bem-sucedida do que eu jamais poderia imaginar", disse um emocionado Nadal num vídeo acompanhado pela mensagem 'Obrigado a todos' escrita em vários idiomas.
- Adeus em Málaga -
"Acho que é como fechar o círculo, porque uma das minhas primeiras grandes alegrias como tenista profissional foi a final de Sevilha em 2004", vencida pela Espanha, a primeira das cinco 'Salad Bowls' que Nadal tem no seu currículo (2004, 2008, 2009, 2011 e 2019).
A carreira de Rafael Nadal foi caracterizada não apenas por seus inúmeros triunfos, mas também por uma série de desafios físicos, especialmente nos últimos anos, quando as lesões passaram a ser uma constante, limitando sua capacidade de competir regularmente.
"A realidade é que foram anos difíceis, principalmente estes dois últimos. Não consegui jogar sem limitações", admitiu o tenista com recorde de vitórias em Roland Garros (14). Tudo isto o levou a desistir: "É uma decisão obviamente difícil, que demorei a tomar". "Me sinto muito sortudo por todas as coisas que pude vivenciar", acrescentou o indiscutível rei do saibro, apesar de tudo.
Apenas dois anos após a despedida do suíço Roger Federer, o mundo do tênis perde outra de suas maiores lendas. Com a aposentadoria de Rafael Nadal, resta apenas o sérvio Novak Djokovic, de 37 anos, como o último representante do lendário 'Big 3', que elevou o tênis a novos patamares de popularidade e competitividade.
"Que carreira, Rafa! Foi uma honra imensa", disse Federer minutos depois de Nadal fazer seu anúncio.
- Espírito guerreiro -
Nascido em 3 de junho de 1986 em Manacor, na ilha de Maiorca, Rafael Nadal desde cedo demonstrou talento para os esportes. Embora tenha começado no futebol — esporte em que seu tio, Miguel Ángel Nadal, atuou no Barcelona sob o comando de Johan Cruyff —, Rafa trocou o campo pelas quadras de tênis ainda muito jovem. Sob a orientação de seu tio Toni Nadal, iniciou a jornada que o levaria ao topo do tênis mundial.
Criado no saibro, Nadal rapidamente mostrou uma força física e mental incomuns, características que o ajudaram a dominar essa superfície. Foi no saibro que ele construiu grande parte de sua lenda: conquistou 14 títulos de Roland Garros (em 2005-2008, 2010-2014, 2017-2020 e em 2022), em 19 participações. Ao longo dessas edições, venceu impressionantes 112 partidas, sofreu apenas quatro derrotas e teve uma desistência.
Para se ter uma ideia de sua supremacia, o segundo maior campeão da história de Roland Garros, o sueco Björn Borg, possui 'apenas' seis títulos. Nadal também detém o recorde de maior número de títulos em um mesmo torneio de Grand Slam, consolidando sua posição como o Rei do Saibro.
- Lesões: o grande inimigo -
A trajetória de Rafael Nadal também foi marcada por constantes problemas físicos. Lesões no cotovelo, pé, costas e abdômen foram companheiras frequentes ao longo de sua carreira. Desde 2004, apenas um ano após sua estreia no circuito profissional, quando sofreu uma fratura no pé esquerdo, o espanhol teve de lidar com as lesões como seus maiores adversários. Ainda assim, sua resiliência e determinação o levaram repetidas vezes de volta ao topo.
Em 2022, após conquistar seu 14º título em Roland Garros, Nadal jogou sob intensa dor, recorrendo a infiltrações para suportar o incômodo causado pela síndrome de Müller-Weiss, uma rara condição que afeta um osso do pé esquerdo e provoca dores crônicas. Após o torneio, passou por um novo tratamento que o manteve em atividade, mas as lesões subsequentes o impediram de competir regularmente desde então.
Nesta temporada, Nadal participou de apenas algumas partidas. Sua última aparição em Roland Garros, que agora será lembrada para sempre, terminou com uma derrota na primeira rodada para o alemão Alexander Zverev.
Além disso, ele foi eliminado na segunda fase dos Jogos Olímpicos de Paris, em uma partida contra Novak Djokovic, que se tornou seu último confronto em quadra até o momento.
Agora, em Málaga, terá a oportunidade de se despedir diante de seu público na fase final da Copa Davis.
Comentários